sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

2010 em Revista Parte 3

Olá a todos, bem-vindos à terceira parte desta revista de 2010 que o Música Dot Com está a fazer, todas as semanas, até ao final do ano. Hoje, teremos, tal como tivemos na semana passada, mais três álbuns que irão ser sucintamente avaliados. Esta foi a melhor maneira que encontrei de poder passar um olhar crítico pelos álbuns que marcaram, para o bem e para o mal, este ano. Espero que concordem. Passemos, então, à música.

Eels – “End Times” – Hoje começamos com a banda de E (nascido Mark Everett), os Eels, banda californiana de Alternative Rock. Ora o senhor E começou o ano de 2010 com este End Times, o segundo volume duma trilogia conceptual de álbuns começada em 2009, com “Hombre Lobo”, e terminada ainda em 2010, com “Tomorrow Morning”, já em Agosto. Enquanto que o primeiro tomo da série se centra sobre o “desejo”, este “End Times” tem como tema a solidão e o envelhecimento, que transparecem logo a começar na capa, que mostra um velho esfarrapado e vagabundo. Ao ouvirmos “End Times” somos levados, com a sua panóplia de sonoridades, numa viagem guiada pela guitarra (que por vezes chega a transparecer algum Blues, mas que se mantém no habitual registo Alternative/Indie a que já fomos habituados por Everett, que se define num compromisso entre o acústico e o eléctrico) onde ouvimos E a cantar roucamente as suas letras sobre o fim dum relacionamento amoroso, pelo qual ele se culpa, e que contribui ainda mais para o tom solitário do álbum. Este é um bom disco, para ouvir e repetir, à média-luz, e com a noite a cair lá fora.

Músicas obrigatórias:

-“Gone Man”

-“Mansions of Los Feliz”

-“End Times”

-“Unhinged”

Nota Final: 7,7/10

Beach House – “Teen Dream” – Duo Americano de Indie Rock de corrente Lo-Fi, os Beach House assinam este terceiro disco, “Teen Dream”, com um desembaraço incomum. Normalmente, o terceiro álbum é mais difícil que os dois que o antecedem, mas a banda que veio de Baltimore consegue fazer um disco que, em contraste com os seus antecessores, abusa muito menos do efeito Reverb, mas que mantém quase tudo o resto que caracteriza a sonoridade dos Beach House. “Teen Dream” mostra uma vez mais que o nome que cheira a Verão da banda é muito enganador. Com a voz de veludo de Victoria Legrand a colocar-nos num ambiente íntimo, reflectivo e pacífico, este disco consegue acalmar-nos e fazer-nos pensar (pelo menos, foi esse o efeito que teve em mim), e faz-nos imaginar que estamos à beira duma lareira numa noite de Inverno. Um álbum acolhedor, onde os arranjos ternos do piano e da guitarra e a produção sábia do experiente Chris Coady criam mais um álbum capaz de nos fazer sonhar.

Músicas obrigatórias:

-“Zebra”

-“Norway”

-“Used To Be”

-“Lover of Mine”

Nota Final: 8,0/10

The Walkmen – “Lisbon” – E para terminar com a série de hoje, vou falar-vos de “Lisbon”, o álbum que serve de elogio à cidade de Lisboa, cidade pela qual os The Walkmen se apaixonaram. Para começar, devo dizer que tenho saudades dos Walkmen dos primeiros três álbuns, “Everyone Who Pretended to Like Me Is Gone”, “Bows + Arrows” e “A Hundred Miles Off”. Não desgostando dos seus álbuns mais recentes, “You & Me” e este “Lisbon”, gosto mais da garra juvenil com que a trupe de Hamilton Leithauser se atirava às canções, com uma energia contagiante. No entanto, entendo a evolução da sonoridade deles para algo mais maduro. As letras continuam a ter o cunho agridoce e romântico que sempre tiveram, mas houve uma transição na estética sonora. Agora, as guitarras são mais chorosas e menos rasgadas, de forma a ter maior sintonia com a letra. Mas falemos mais especificamente de “Lisbon”. “Lisbon” é um álbum com um tom mais animado, apesar de tudo, do que o do seu antecessor, “You & Me”, onde notávamos uma certa melancolia e tristeza. A tristeza mantém-se, mas com um tom mais optimista e disposto a enfrentar o futuro de frente(de forma quase épica). Este álbum é, portanto, mais uma prova de que os The Walkmen não querem ser proscritos e não querem parar no tempo. Isso é de facto, uma atitude louvável, e que leva a que este “Lisbon”, não sendo melhor do que o que eles já fizeram, continue a ser testemunho da boa música que os The Walkmen fazem.

Músicas obrigatórias:

-“Angela Surf City”

-“Blue As Your Blood”

-“Victory”

-“While I Shovel Snow”

Nota Final: 8,3/10

E chegámos ao fim das reviews de hoje. Para a semana teremos mais álbuns, e até lá, oiçam boa música!

o Criador:

João Morais

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