quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

2010 em Revista Parte 7

Boa noite, meus caros leitores e melómanos: bem-vindos à sétima parte do “2010 em Revista”. O ano novo está quase a chegar, e está será a penúltima edição desta “saga” de mini-reviews que tem estado a ser compilada pelo Música Dot Com desde finais de Novembro. Hoje temos mais três álbuns do ano que está a findar. Sem mais demoras, vamos iniciar esta edição.

Kanye West – “My Beautiful Dark Twisted Fantasy” – Começamos por uma entrada tardia nas listas de melhores do ano (e que por isso mesmo não figura em algumas compilações do género), mas que é, sem dúvida, um grande álbum. Falo do mais recente disco de Kanye West, “My Beautiful Dark Twisted Fantasy”, uma obra grandiosa, criada por um dos mais polémicos artistas dos últimos tempos. Toda a gente tem uma opinião sobre Kanye, seja pela sua música, seja pelas suas declarações controversas. Devo confessar que o antecessor a este álbum, “808s & Heartbreak”, nunca me tinha entrado no ouvido, muito por causa do efeito do Auto-Tune que se fazia ouvir por quase todo o álbum. Mas este “...Dark Twisted Fantasy” é um disco que chega a atingir o nível de obra-prima, com uma produção brilhante e letras magníficas. Faixas como “Runaway” ou “Power” atingem níveis épicos vindos de alguém que suspeito que não regule bem, mas que é sem dúvida um génio naquilo que faz. Nota-se que Kanye volta um pouco às origens, mas combina-as com tudo o que já tinha feito anteriormente, fazendo com que essa mistura soe muito bem ao ouvido. Apesar de não ser um álbum sem falhas (“Monster” ou “So Appaled” cortam o ritmo e não ficam muito bem no disco, na minha opinião), este é, sem dúvida, um dos grandes lançamentos do ano. Se havia dúvidas na decisão do melhor artista Hip-Hop da década, essas dúvidas foram dissipadas no momento em que “My Beautiful Dark Twisted Fantasy” chegou às lojas. Bravo, Kanye.

Músicas obrigatórias:

- “Dark Fantasy”

- “ Power”

- “ All of the Lights”

- “Runaway”

Nota Final: 9,0/10

Yeasayer – “Odd Blood” – Esta foi a minha primeira vez que ouvi Yeasayer. Sou, portanto, um leigo no que toca a esta banda. No entanto, decidi “saltar de cabeça” para este disco, e ver o que achava dele. E a verdade é que este “Odd Blood” deu-me vontade de conhecer mais a banda, apesar das suas falhas. A mistura do Experimental Rock e do Psychadelic Pop presente neste álbum criam uma espécie de sonoridade que eu considerei “dançável”. Constatei que algumas músicas não eram muito agradáveis ao ouvido (a faixa de abertura, “The Children”, revelou-se abominável, muito por causa do efeito de voz), ou tornavam-se monótonas passado algum bocado, dando uma sensação de inconsistência. No entanto, as músicas que não padecem destes defeitos são, de facto, apelativas e interessantes (“Ambling Alp” é um dos pontos fortes deste álbum, uma música bem construída e que não deixa ninguém indiferente). Apesar dos seus defeitos não poderem ser ignorados, os seus atributos falam por si. Esperemos que os Yeasayer peguem no que fizeram bem e trabalhem no que fizeram mal, e façam um disco melhor para a próxima. Mas se estão à procura duma experiência nova num género musical fora do comum, recomendo este disco.

Músicas obrigatórias:

- “Ambling Alp”

- “I Remember”

- “O.N.E.”

- “Mondegreen”

Nota Final: 7,5/10

Gil Scott-Heron – “I’m New Here” – E terminamos com o poeta americano Gil Scott-Heron, um verdadeiro veterano destas andanças. 2010 marcou o regresso de Heron aos álbuns de originais, depois de 16 anos de inactividade nesta área. Verdadeiro ícone do Spoken Word, e conhecido por misturar vários géneros nos seus discos, Gil Scott-Heron assina aqui mais um disco que não foge à regra, com uma fusão de Folk, Trip-Hop e Spoken Word a ser a receita do álbum. Músicas como “I’m New Here” ou “Running” fazem deste disco uma obra deliciosa, não só pela diversidade de sonoridades que encontramos aqui, mas também pelas suas letras, que são, desde já, o ponto forte desde disco. Este é um álbum para ouvir com uma mente aberta, e que apela à reflexão. Apesar de algumas músicas soarem a “enchimento” (especialmente os vários “Interludes” que estão presente no álbum), no final encontramos um álbum coeso, despretensioso e que chega aonde quer. Neste disco encontramos uma forma diferente de fazer música. Se esperam um disco com músicas com estruturas normais, não vale a pena ouvirem “I’m New Here”. Mas se estão dispostos a experimentar, esta é, sem dúvida, uma boa aposta.

Músicas obrigatórias:

- “Me and the Devil”

- “I’m New Here”

- “New York is Killing Me”

- “Running”

Nota Final: 8,0/10

E assim chegamos ao fim da penúltima edição de “2010 em Revista”. Depois da última parte, publicarei o Top 10 deste ano, publicação essa que fica agendada para dia 31 de Dezembro. Até ao próximo post, fiquem bem e oiçam boa música.

João Morais

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