domingo, 15 de abril de 2012

The Horror

Quarteto nova-iorquino nascido em 2008, os Pop. 1280 lançaram em 2010 o seu primeiro EP, The Grid, registo que demonstrava uma interessante mistura de Post-Punk com New Wave. Agora, dois anos depois, os Pop. 1280 chegam até nós com o seu primeiro LP, The Horror, editado a 24 de Janeiro, e que será analisado aqui, no Música Dot Com.

Tirando o facto de estarem na Sacred Bones (uma interessante editora independente, que conta também com The Men e Zola Jesus), de virem de Nova Iorque e de afirmarem como uma banda de Cyber Punk, pouco se sabe acerca do grupo de Ivan Lip, Chris Bug, Zach Ziemann e Pascal Ludet. The Grid, o EP de 2010, conseguiu deixar muito boa gente interessada no grupo, devido à forma como misturava o Post-Punk mais sombrio com uma New Wave esquizofrénica, tendo até laivos, aqui e ali, de Noise Rock.

Porém, e apesar de The Grid já ter o seu quê de negrume e violência, nada me podia preparar para The Horror. Sombrio, caótico e cheio de distorção, o primeiro disco dos Pop. 1280 mostra uma banda de arraiais assentes no Noise Rock e no No Wave na sua forma mais extrema e até macabra. Apesar de não ser, nem de perto nem de longe, uma obra-prima, admito que The Horror conseguiu superar largamente qualquer expectativa que eu tivesse a priori, revelando-se numa bela experiência auditiva.

Indo buscar inspiração a grupos como Rapeman, Grinderman ou Swans, os Pop. 1280 conseguiram criar em The Horror  um álbum desafiante e abrasivo, capaz de chocar os mais sensíveis. Com um som “cheio” e sujo, fruto da mistura das guitarras distorcidas e cortantes, do baixo espesso, dos sintetizadores espectrais e da bateria mecânica e quase militar, The Horror traz, ao longo das suas 10 faixas, uma música ousada e que se encontra sempre no “fio da navalha”, e que demonstra um intento de chocar o ouvinte.

É também na área do chocante, do grotesco e do niilista que situam as letras de The Horror, cuja violência e obscenidade se conjugam de forma perfeita com a instrumentação caótica e com os vocais, compostos por gritos e berros tensos, desconcertantes e perturbadores. Ao nível da produção, assistimos a uma estética centrada na crueza e na abrasividade, o que sublinha bem a aposta clara no “desafio” e na provocação.

Contudo, nem tudo me agradou em The Horror. Um dos maiores problemas deste álbum é, a meu ver, a forma como se torna cansativo ao longo de várias audições, exigindo muito esforço da parte do ouvinte. Isso deve-se, sobretudo, à forma como algumas canções se tornam, ao fim de algum tempo, algo “planas” e repetitivas, o que demonstra uma certa falta de trabalho em alguns pontos do disco. Não digo que seja um grande defeito, mas é certamente um factor que pesa na hora de avaliar o álbum.

Quanto às minhas faixas preferidas de The Horror, a pungente e acelerada Burn the Worm, a agressiva e avassaladora New Electronix, a desoladora e tenebrosa Bodies in the Dunes, a fria e frenética West World ou a suja e viciante Crime Time são todas peças que me conseguiram cativar especialmente. Quanto às canções que, a meu ver, estão menos conseguidas, Nature Boy, Beg Like a Human e Hang’Em High são as minhas escolhas óbvias.

Resumindo, The Horror apresenta-se como um álbum Noise Rock caótico, sujo e difícil, tal como manda a lei do género. Com uma conjugação de elementos muito bem conseguida, e que visa fazer passar um sentimento de tensão, angústia e desolação, este LP dos Pop. 1280 não é, de certo, para toda a gente. Pode não ser um disco perfeito, mas mostra uma atitude ousada , sendo um sólido passo em frente quando comparado com The Grid. Confesso que, depois de The Horror, vou ficar a aguardar ansiosamente o próximo lançamento dos Pop. 1280.

Nota Final: 8,3/10

João Morais

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