segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Curtas #7

I Love You, It’s CoolBear in Heaven [3 Abr]
- Ao terceiro álbum, o trio nova-iorquino composto por Jon Philpot, Adam Wills e Joe Stickney decidiu trocar de influências, deixando o shoegaze de lado e abraçando a electronica. O resultado é I Love You, It’s Cool, um disco que mostra uma sonoridade bem próxima da indietronica e da neo-psychedelia (MGMT em Oracular Spectacular, são vocês?). Cheio de sintetizadores e beats electrónicos, o terceiro LP do grupo vindo de Brooklyn (where else?) está carregado de uma atitude experimental fresca e bem salutar mas que, ainda assim, não consegue disfarçar a inconsistência e o desequilíbrio na qualidade das canções. Agradável mas parco em momentos memoráveis, este I Love You, It’s Cool é um daqueles discos que “escapa” mas que infelizmente fica aquém de ser uma “pedrada no charco” significante.
Pontos altos:
- The Reflection of You
- Sinful Nature
- World of Freakout
Nota Final: 6.2/10

Soba LobiOs Pontos Negros [23 Abr]
- Apesar da grande promessa que demonstraram com o seu primeiro álbum, Os Pontos Negros têm falhado, desde então, em estar à altura das expectativas, com os discos medianos a sucederem-se no seu reportório de forma ininterrupta. Soba Lobi, lançado na primeira metade de 2012, é o terceiro registo do grupo lisboeta e vem, mais uma vez, comprovar esta sina d’Os Pontos Negros de desiludir quem deposita neles a esperança de “salvar” a música portuguesa (um salvamento que, diga-se de passagem, está longe de ser necessário). As letras continuam a apostar nas piadas sem graça, a voz continua a ser incómoda e a estragar o conjunto e nem a produção, com toque vintage e clássico, salva este registo de ser uma coisa mediana, derivativa e sem grandes rasgos de brilhantismo. Tirando alguns pontos altos, Soba Lobi é, à semelhança dos seus antecessores, um álbum inócuo e que não deixa marca.
Pontos altos:
- Eu + Eu = Ninguém
- Bom Homem
- Queda e Ascensão
Nota Final: 6.1/10

A Wasteland Companion M. Ward [6 Abr]
- Mais conhecido por fazer parte do duo She & Him (aka a tentativa descarada de capitalizar em vendas de álbuns a popularidade da “fofinha” Zooey Deschanel), M. Ward é um veterano no mundo da música, tendo já lançado, desde 1999, 7 álbuns em nome próprio. O mais recente, A Wasteland Companion, chegou-nos às mãos em Abril de 2012 e trouxe-nos uma colecção de 12 canções indie pop e folk que, apesar da promessa de ternura e melancolia, falhou completamente na sua tentativa de me cativar. Oco e aborrecido, A Wasteland Companion é um álbum completamente desprovido de emoções verdadeiras ou sinceras, apostando por sua vez em sentimentos “enlatados” que só servem para comover os mais incautos. Tirando uma ou outra canção mais bem conseguida, confesso que não retirei nada deste LP.
Pontos altos:
- Primitive Girl
- Me and My Shadow
- There’s a Key
Nota Final: 3.0/10

Off! Off! [8 Mai]
- Depois da estreia em 2010 com o frenético First Four EPs, o “supergrupo” norte-americano formado em 2009 por Keith Morris (Black Flag/Circle Jerks), Dimitri Coats (Burning Brides), Steven Shane McDonald (Redd Kross) e Mario Rubalcaba (Rocket from the Crypt/Hot Snakes) decidiu-se a lançar este ano um sucessor, o epónimo Off!. Com 16 canções e pouco mais de 15 minutos de duração, este LP (termo usado de forma bem lata) traz-nos mais uma dose valente do hardcore punk rápido, sujo e virulento que a banda pretende resgatar da cripta perdida dos anos 80. Porém, apesar de conter tudo aquilo que aprecio num disco punk (a crueza, a abrasividade e aquele apelo impetuoso que nos motiva a largar tudo), o segundo álbum dos Off! sofre, a meu ver, duma inconsistência tremenda que o impede de atingir o patamar de solidez e brilhantismo do seu antecessor. Ainda assim, este Off! consegue ser um álbum muito bom para aqueles que, como eu, gostam de ouvir punk puro e duro e esquecer, ainda que por momentos, as preocupações da sociedade (semi) adulta.
Pontos altos:
- Wiped Out
- Jet Black Girls
- Harbor Freeway Blues
Nota Final: 7.1/10

History Will Absolve Me Billy Woods [10 Abr]
- Segundo álbum a solo deste rapper norte-americano nascido na cidade de Washington, History Will Absolve Me apresenta-se como um belo LP de underground hip-hop que combina letras fortes, interventivas e conscientes com uma produção muito sólida e bem conseguida. Com um flow duro e violento, Billy Woods faz questão de “disparar” em todas as direcções, criticando tudo e todos (tanto ao nível político como no próprio mundo do hip-hop), numa entrega que lhe dá um aspecto de profeta doido e lunático. Com samples e beats escolhidos a dedo (há espaço até para Led Zeppelin e jogos da Nintendo), que conferem ao registo um tom sombrio e negro, History Will Absolve Me é, no entanto, um disco que se alonga demasiado na sua duração e que se revela um pouco maçudo e inconstante. Ainda assim, este LP demonstra que Billy Woods é um artista que sabe usar bem as armas que tem à sua disposição, pelo que vale a pena ficar atento aos seus trabalhos daqui em diante.
Pontos altos:
- Duck Hunt
- Human Resources
- The Wake
Nota Final: 7.5/10

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