quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

6 por '12


Como forma de despachar serviço para poder lançar os tops e listas de final de ano, aqui ficam as pequenas reviews a 6 discos que, na minha opinião, são completamente “obrigatórios” para quem quiser ouvir algumas das melhores obras de 2012. Bem sei que é manhoso e que estes álbuns mereciam críticas “inteiras”, mas infelizmente não há tempo: o ano novo já chegou e com ele vem também uma grande carga de trabalho.

Tramp Sharon Van Etten [7 Fev]
- Terceiro álbum de Sharon Van Etten, Tramp é o disco de consagração da norte-americana e traz-nos a artista naquela que é, discutivelmente, a sua melhor forma até agora. Carregado duma sonoridade Indie Rock/Folk tensa e sedutora, bem complementada pela estética enevoada e misteriosa (fruto da sublime produção de Aaron Dessner, dos The National) e pela voz honesta e sentida de Sharon, este Tramp revela-se como um disco sólido e cheio de emoções fortes e arrepios na espinha. Pode não ser perfeito, mas o terceiro LP de Sharon Van Etten é um dos portentos de 2012 que não vamos esquecer tão cedo.
Pontos altos:
- Give Out
- Serpents
- Ask
Nota Final: 8.1/10

Myth Geographer [28 Fev]
- Depois da tímida estreia com Innocent Ghosts (2008) e do morno EP Animal Shapes (2010), este trio norte-americano formado por Michael Deni (voz/guitarras/sintetizadores), Nathan Blaz (violoncelo/sintetizadores) e Brian Ostreicher (bateria) regressou, no início do ano passado, com seu segundo LP, de seu título Myth. Produzido por Eli Crews e misturado por Chris Zane (que também trabalhou com tUnE-yArDs e Passion Pit), este álbum apresenta-nos uma sonoridade dividida entre a Indie Pop e a Electronica, numa deliciosa mistura que se situa a meio caminho entre os sintetizadores melancolicamente frenéticos dos New Order e as orquestrações alegres e radiosas dos The Flaming Lips. Viciante e carregado de texturas riquíssimas, este Myth acaba por ser, ainda assim, algo inconstante e heterogéneo. Contudo, apesar das falhas, este LP acaba por ser das coisas mais frescas que 2012 nos trouxe.
Pontos altos:
- Blinders
- Lover’s Game
- Kites
Nota Final: 8.5/10

TurbulenceMiami Nights 1984 [8 Mar]
- Fundador da editora Rossa Corsa, Michael Glover é um produtor canadiano que assina, desde 2010, com o nome de Miami Nights 1984. Após a estreia no ano passado, com Early Summer, Glover lançou em Março, com o projecto MN84, este Turbulence, disco que nos traz uma sonoridade reminiscente da Synthpop e Italo-Disco dos anos 80. Indo buscar influências directas a nomes como Giorgio Moroder ou Harold Faltermeyer, Turbulence é rico em sintetizadores cativantes, solos frenéticos e batidas contagiantes, num estilo muito próximo daquilo que o francês Kavinsky tem vindo a fazer. Apesar de não ser um LP propriamente inovador ou brilhante, o segundo álbum de Miami Nights 1984 consegue fazer algo que muitos querem e não conseguem: “roubar” descaradamente às bandas-sonoras dos filmes de acção série B dos anos 80 e voltar de lá sem o kitsch e a foleirice.
Pontos altos:
- Ocean Drive
- New Tomorrow
- Saved by the Bell
Nota Final: 8.5/10

kin iamamiwhoami [11 Jun]
- Criado em 2009, iamamiwhoami é um projecto audiovisual encabeçado pela cantautora Jonna Lee e que conta com a participação do produtor Claes Björklund e duma equipa responsável pelo aspecto gráfico e cinematográfico. Depois duma série de vídeos virais lançados no YouTube e dum grande secretismo em relação aos artistas envolvidos, o projecto lançou no início do Verão passado o seu primeiro LP, kin. Uma obra conceptual que gira à volta da relação entre o artista e o público, kin traz-nos um “melting pot” de Electronica, Synthpop e Trip-Hop, resultando numa Pop cerebral, bem-pensada e incrivelmente bela. Com sintetizadores quentes e veludosos, a contrastar com a voz fria e certeira de Lee, este kin é uma obra desconcertante que, apesar de “quebrada” na sua qualidade (com a segunda metade a ser muito menos apelativa que a primeira), consegue surpreender quem a ouve de coração aberto e demonstra-se, acima de tudo, como um grande disco para cabeças pensantes e corpos dançantes.
Pontos altos:
- Drops
- Good Worker
- Play
Nota Final: 8.3/10

1999 Joey Bada$$ [12 Jun]
- Mixtape lançada de forma gratuita na internet, 1999 foi a obra que fez de Joey Bada$$, rapper e produtor com apenas 17 anos, uma das grandes revelações de 2012. Criado com os The Pro Era, colectivo nova-iorquino “encabeçado” por Bada$$, este registo traz-nos uma sonoridade que remete quase de imediato para o Hip-Hop “clássico” dos anos 80 e 90, época dourada do género. Revivalista mas, simultaneamente, incrivelmente fresco, 1999 revela uma grande inspiração em nomes como Notorious B.I.G. ou Nas, tanto na brilhante produção e escolha dos beats e samples como no irrepreensível flow e nas letras bem pensadas. É certo que não é uma obra-prima e não traz nada de revolucionário ao Hip-Hop, mas a verdade é que 1999 deixou-me cheio de esperanças para o promissor futuro de Joey Bada$$.
Pontos altos:
- Survival Tactics
- Don’t Front
- Righteous Minds
Nota Final: 8.3/10

Nocturne Wild Nothing [28 Ago]
- Depois do mediano Gemini (2010), confesso que já não tinha grandes esperanças para os Wild Nothing. Porém, depois de ouvir Nocturne, segundo trabalho do projecto liderado pelo norte-americano Jack Tatum, fui obrigado a fazer o acto de contrição; com uma sonoridade Dream Pop com forte influência do Indie Pop britânico dos anos 80 (ver C-86 para mais referência), Nocturne apresenta-se como uma obra fresca e açucarada capaz de conquistar até os corações mais empedernidos. Muito mais consistente que o seu antecessor, Nocturne larga também alguns dos sintetizadores de Gemini, apostando muito mais no baixo viciante e cheio de groove e nas guitarras jangly e solarengas, com tudo a ser complementado de forma perfeita pela produção cheia de reverb, a cargo de Nicolas Vernhes. Apesar das canções finais serem um bocado desapontantes e de por vezes poder parecer uma obra em que as influências estão muito à flor da pele, Nocturne é um disco cheio de vida e magia, que demonstra uma enorme evolução por parte de Jack Tatum e companhia.
Pontos altos:
- Nocturne
- Only Heather
- Counting Days
Nota Final: 8.4/10

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