O que acontece quando juntamos dois amores que parecem, à
partida, inconciliáveis? Foi isso mesmo que Cláudio Fernandes (guitarra) e Bruno
Afonso (bateria) tentaram saber quando arriscaram, com audácia, juntar o rock com as bicicletas, duas paixões assolapadas de ambos. O resultado dessa experiência está em PISTA
EP, registo homónimo da dupla, lançado a 26 de Outubro de forma
independente no Bandcamp.
Comecemos pela capa, que, para leitores minimamente conhecedores
do universo pop mundial, trará logo à
memória Tour de France Soundtracks, disco de 2003 dos seminais Kraftwerk.
Desengane-se, porém, quem pensa que vai encontrar neste PISTA EP traços de elektronische musique; na verdade, aqui dentro vêm cinco faixas de garage
rock bem esgalhado, com uma pedalada do outro mundo (perdoem-me, não resisti),
que se enquadram de forma perfeita no pedalcore,
género inventado pela banda (aposto que estes dois devem ter dado umas
gargalhadas valentes a pensar nesta merda).
A gravação e a mistura têm o dedo de Nick Nicotine, que também faz sentir a sua presença no piano de Pista e na voz de Puxa. De resto, vem tudo das mãos dos PISTA, desde a distorção
suja aos riffs a rasgar, dos drum patterns estonteantes (e talvez um
pouco “africanos”) à atitude “sem-tréguas” que poderá fazer lembrar, mal
comparando, um par de power duos
canadianos muito amados por estes lados (Japandroids ou Death From Above 1979,
para quem não tinha percebido a dica). Poderá parecer exagero, especialmente
quando se tem em conta que só ouvi quatro ou cinco EP’s este ano, mas a verdade é que este PISTA EP é, até agora, o
melhor extended play que já ouvi
neste 2013. A nota é máxima e as canções (por ordem: Primeira, Pista, Giro n’A Costa, Onduras e Puxa) são todas
de escuta obrigatória.
Nota final: 5/5
Aproveitem e “saquem”, de forma legal e gratuita, o EP no Bandcamp dos PISTA (link).
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