quinta-feira, 31 de outubro de 2013

PISTA EP

O que acontece quando juntamos dois amores que parecem, à partida, inconciliáveis? Foi isso mesmo que Cláudio Fernandes (guitarra) e Bruno Afonso (bateria) tentaram saber quando arriscaram, com audácia, juntar o rock com as bicicletas, duas paixões assolapadas de ambos. O resultado dessa experiência está em PISTA EP, registo homónimo da dupla, lançado a 26 de Outubro de forma independente no Bandcamp.

Comecemos pela capa, que, para leitores minimamente conhecedores do universo pop mundial, trará logo à memória Tour de France Soundtracks, disco de 2003 dos seminais Kraftwerk. Desengane-se, porém, quem pensa que vai encontrar neste PISTA EP traços de elektronische musique; na verdade, aqui dentro vêm cinco faixas de garage rock bem esgalhado, com uma pedalada do outro mundo (perdoem-me, não resisti), que se enquadram de forma perfeita no pedalcore, género inventado pela banda (aposto que estes dois devem ter dado umas gargalhadas valentes a pensar nesta merda).

A gravação e a mistura têm o dedo de Nick Nicotine, que também faz sentir a sua presença no piano de Pista e na voz de Puxa. De resto, vem tudo das mãos dos PISTA, desde a distorção suja aos riffs a rasgar, dos drum patterns estonteantes (e talvez um pouco “africanos”) à atitude “sem-tréguas” que poderá fazer lembrar, mal comparando, um par de power duos canadianos muito amados por estes lados (Japandroids ou Death From Above 1979, para quem não tinha percebido a dica). Poderá parecer exagero, especialmente quando se tem em conta que só ouvi quatro ou cinco EP’s este ano, mas a verdade é que este PISTA EP é, até agora, o melhor extended play que já ouvi neste 2013. A nota é máxima e as canções (por ordem: Primeira, Pista, Giro n’A Costa, Onduras e Puxa) são todas de escuta obrigatória.

Nota final: 5/5

Aproveitem e “saquem”, de forma legal e gratuita, o EP no Bandcamp dos PISTA (link).

João Morais

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